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Devia ser papéis

"Mas porque está ele assim [magro, pálido e sem cabelo]?" disse Anna Pávlovna.
"Deve ser de escrever, senhora."
"Escrevia muito?"
"Muito. Todos os dias."
"E o que escrevia ele? Papéis?"
"Devia ser papéis."
"E porque não o impedias?"
"Tentei, senhora: 'Não fique aí sentado, Alexándr Fiódorytch', dizia-lhe eu, 'vá dar uma volta. Faz bom tempo, muitos cavalheiros vão passear. Escrever para quê? Dá cabo dos pulmões e a mamã fica zangada...'"
"E ele o quê?"
"Ele dizia: 'Põe-te a andar! És maluco!'"

Ivan Goncharov, A história de sempre. Tradução de Manuel de Seabra.

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