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Uma estrada demasiado longa



AMA lança-se aos pés de Medeia

Medeia, eu estou velha, eu não quero morrer! Segui-te, deixei tudo por ti. Mas a terra está ainda cheia de coisas boas (...).


Esta versão de Medeia, da companhia Público Reservado, é pontuada por várias cortinas, reais ou metafóricas, que abrem e fecham cenas. Como um dedo invisível que virasse uma página e criasse um breve parêntese na história. Num desses momentos, a Ama é a única personagem em palco. Olha em frente, movendo um pau como se fosse um remo e estivesse a remar. Gestos lentos no início, mais velozes depois.
Foi a Ama que criou Medeia, foi ela que a alimentou com o seu próprio leite, que a acompanhou na fuga com Jasão e os argonautas desde a Cólquida, testemunha silenciosa de todos os seus crimes. "Uma estrada demasiado longa.” Mas desta vez a Ama recusa acompanhá-la: não quer morrer. E à medida que Medeia atravessa o rio Aqueronte aproximando-se do mundo dos mortos, a Ama rema em sentido contrário, esforçando-se por alcançar o mundo dos vivos.

Medeia, de Jean Anouilh, pela companhia Público Reservado. 
Teatro do Campo Alegre, 4 a 7 de Outubro.

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