Ando às voltas com Mon Cas , de Manoel de Oliveira. Em especial, a última parte do filme, que adapta o Livro de Jó . Tenho muitas perguntas. Em tempos, Oliveira explicou a escolha deste texto bíblico da seguinte forma:   O substracto comum é o homem. É a humanidade. A existência do ser perante os  homens e perante Deus. É a posição... a posição do homem, de um lado e de outro.  (...) E a figura de Job é como se fosse a figura da própria Humanidade, da  humanidade pecadora, castigada por Deus e que tem que expiar o seu pecado.  (Manoel de Oliveira - Cem Anos, p. 114.)   A explicação não me satisfaz. Há qualquer coisa muito mais pessoal. Jó não será uma máscara de Manoel de Oliveira? As provações de Jó não serão uma representação dos seus filmes? A escolha do texto não será uma declaração de fé do cineasta em si próprio, no seu trabalho? Uma fé inabalável no cinema, no poder criador da arte? Uma fé à prova de todas as contrariedades?   Depois disso, Jó viveu ainda cento e quarenta an...
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral