No Manual de Leitura  de Macbeth , editado pelo  Teatro Nacional de São João , Rui Carvalho Homem escreve sobre a famosa “intemporalidade” de Shakespeare. Quer dizer, sobre a “capacidade de o texto shakespeariano nos propor um entendimento do mundo e do humano”, que atravessa o tempo e o espaço.   Essa “intemporalidade”, continua Rui Carvalho Homem, é “encarada hoje com reserva (ou cepticismo)” pela crítica académica, em resultado do aparecimento de “novos contextualismos”. No entanto, é inegável que Shakespeare foi e continua a ser “fonte de ampla produção literária e artística”, e a sua influência “não encontra paralelo em qualquer outro corpus  literário e dramático”.    Shakespeare criou o mundo em sete dias.   No primeiro dia fez o céu, as montanhas e os abismos da alma.  No segundo dia fez os rios, os mares, os oceanos  E os restantes sentimentos -  Que deu a Hamlet, a Júlio César, a António, a Cleópatra e a Ofélia,  A Otelo e a outros,  Para que fossem seus donos, eles ...