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A mostrar mensagens com a etiqueta Crise climática

Alguns dizem que não há mundo fora do capitalismo

Eduardo Viveiros de Castro: Todas as nossas liberdades, de ir e vir, de viajar, de não precisar de lavar roupa à mão, estão assentes numa economia de combustíveis fósseis. Isso explica muito da hesitação do pensamento clássico de esquerda de considerar a catástrofe ecológica como uma questão crucial e perceber que a justiça social e a justiça ambiental são a mesma coisa. Sempre houve no pensamento progressista a ideia de que a dominação do homem pelo homem, como se dizia, só acabará quando o homem dominar completamente a natureza, que sempre foi o projecto da modernidade. Déborah Danowski: O contraponto disso é achar que nós só nos devemos preocupar com as questões ecológicas depois de resolvermos os problemas do homem, a pobreza. E.V.C.: Há uma famosa frase do Aristóteles que está no fundo disso, que era ele justificando a escravidão em Atenas, dizendo que o dia em que os fusos trabalharem sozinhos já não precisaremos de escravos. Como fazer isso? A tecnologia, um dia, vai-nos livra

O evento

Tudo começou em 2017, quando Douglas Rushkoff - um professor de teoria dos media e de economia digital, e um dos 10 mais influentes intelectuais da atualidade segundo o MIT - foi convidado, com um tentador honorário equivalente a meio ano de salário, a proferir uma conferência sobre o futuro da tecnologia numa luxuosa e isolada estância. Para surpresa de DR, o público era constituído por apenas 5 grandes investidores de capital de risco, que cercaram o orador com temas fora da agenda do convite. As perguntas prendiam-se com a sua sobrevivência pessoal depois do "evento", o nome dado ao colapso da civilização por causas ambientais, nucleares, tecnológicas, pandémicas, ou pela combinação de todas elas: Qual o melhor sítio para construir um bunker, Alasca ou Nova Zelândia? Como garantir a fidelidade dos guarda-costas, depois do evento? Como impedir as multidões enlouquecidas pelo desespero de assaltarem esses redutos pós-apocalípticos? Viriato Soromenho-Marques.  Texto completo

Black Friday

Lembro-me muitas vezes daquela história do Picabia sobre o homem que mastigava um revólver. O homem já era velho e tinha dedicado a vida inteira a mastigar o revólver. Se parasse um só instante, a arma dispararia e era o fim. O capitalismo é este velho.

Gregos

Leio no jornal que, de acordo com um estudo de opinião , oito em cada dez jovens portugueses acreditam que «o futuro é assustador» e que o mundo está condenado por causa da crise climática. «Neste cenário, 37% mostram-se reticentes em ter filhos.» A crise climática tem todos os ingredientes da tragédia grega. Como personagens na história da nossa própria ruína, limitamo-nos a desempenhar os papéis que nos foram atribuídos, sem nos desviarmos um milímetro do texto. É assim que tem de ser. Os jovens consideram o futuro assustador; os velhos lamentam, mas não podem fazer nada.