Como uma godardiana sindicalizada, preparei-me para a sessão e, em vez de dupla, foi uma santa trindade: Une bonne à tout faire  (em casa) , Passion  e Scénario du film Passion  (em Serralves) .     — Est-ce que la vie n’a pas à voir avec cette Sainte Trinité : l’amour le travail et quelque chose entre les deux ?      E ainda, em vez de apresentações e moderações institucionais   (porque é que esta gente tem sempre o aspecto de terem  « comprado  tudo o que havia de Ludwig Wittgenstein, para se  ocuparem de Ludwig  Wittgenstein  nos próximos tempos» ?) , ideias vagas, as imagens reais antes das histórias: o avião em linha oblíqua sobre o jardim, os gritos das pegas rabudas, a menina da limpeza a subir as escadas com esfregonas e um balde azul, a menina da bilheteira a fazer jogos comigo, o portão fechado à saída. Basta traçar um risco.  C’est ça, la passion pour Godard .
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral