Jean Laforgue, no século XIX, era professor de francês.  Trata-se de um laico escrupuloso e sério como os que se fabricavam na época. Pedem-lhe para reescrever Casanova. Mete mãos à obra.  Pára nesta frase a propósito de mulheres: "Sempre achei que aquela que eu amava cheirava bem, e quanto mais forte era a sua transpiração, mais suave ela me parecia."  Laforgue reflectiu trinta segundos. Não, no século XIX (como acontece hoje, aliás), uma mulher não transpira .  Corrige então esta incongruência e escreve: "Quanto às mulheres, sempre achei suave o odor daqueles que amei."   Philippe Solers, Casanova, o Admirável . Tradução de Maria Irene Bigotte de Carvalho.  
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral