«Uma das características das mulheres é andarem sempre com sacos. Cada saco corresponde a um nível de acção específico. Na bolsa, trazem os documentos, o telemóvel quando não está nas mãos, lenços de papel, um livro, chocolates, ganchos, elásticos, uma chupeta, e mais alguns objectos estranhos.
A mochila é para transportar o computador portátil.
Um saco grande desportivo para as idas aos ginásios. A bolsa térmica com o almoço.
Sacos com coisas que vão comprando de manhã e à hora do almoço para levar para casa ou para as casas das senhoras doutoras onde trabalham.»
Há um ano, quando escrevi estas notas, achava que os sacos mostravam a posição social (quanto maiores, quantos mais sacos, menos dinheiro?) — um pouco à semelhança da roupa.
Depois de ler o texto de Ursula K. Le Guin, percebi que os sacos tem outro poder: contam histórias. Histórias que ninguém escreve.
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