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Einstellung

Einstellung  também significa disposição moral. (...) O que é necessário, creio, é uma ideia. Uma ideia que não seja uma intenção simbólica nem psicológica. Uma ideia moral, logo política. Tenho andado a pensar no que escrevi ontem porque não basta dizer que é preciso um outro tipo de acção para homenagear os filmes de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub. Lembrei-me do verso de Hölderlin e percebi que, por exemplo, os pobres também têm direito a olhar o rio é igual a um dia talvez a terra volte a brilhar verde para nós — é o mesmo desejo, a mesma reivindicação.  Então, naquele terreno abandonado do antigo bairro de São Vicente de Paulo devia ser construído um jardim — era uma resposta justa ao trabalho de Huillet e Straub. Um jardim de laranjas doces. E depois projectavam-se um ou dois filmes as vezes que fossem necessárias até ficar clara a relação entre as imagens no écran e as laranjas, entre a vida dos antigos e as nossas — uma dialéctica das sensações. Podem objectar que isto n

Da nuvem à resistência

A projecção dos filmes de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub integral e por ordem cronológica é um acontecimento notável.  No entanto, passada a primeira euforia fico a pensar se não seria necessário um gesto mais incisivo para os homenagear. Uma mulher que percebe o que são as bruxas:  Quando damos de comer aos gatos em Roma, compreendemos o que se passava com as bruxas; muitas vezes tinha a impressão que era a minha pele que estava em jogo. Aí, dei-me conta que havia mulheres que, porque observavam as estrelas à noite, porque apanhavam ervas de noite, porque os gatos as seguiam... foram queimadas. É isto as bruxas! E que explica: O que nos interessa, são as pessoas que dizem os textos de Pavese, o que elas fazem na vida, a maneira como dizem os textos, os problemas que têm com aquilo que dizem, e por isso, bruscamente, aquilo que eles dizem já não é de Pavese mas sim do sujeito que o diz e que, no começo, nem sabia quem era Pavese. O único interesse do texto ou daquilo a que chamas

Punctum

Ao ler a notícia da retrospectiva integral do trabalho de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet entre setembro e dezembro na Casa Manoel de Oliveira, os olhos fogem-me para o último parágrafo:  vai obrigar a uma revisão de toda a legendagem dos filmes .

Voltar aos clássicos

Jean-Marie Straub: ... Digamos que uma humanidade que só se safa através da violência... é o que eu penso... é coisa muito grave. É muito grave e, um dia, vai ter de surgir outra coisa. Seja como for, vai ser preciso tratar das feridas... Aqui pelo contrário, o que surge lentamente e vai subindo, subindo, não tem nada a ver com um bálsamo. É o contrário. São as árvores da floresta que começam a andar. Danièle Huillet: Apertou o cinto? Jean-Marie Straub: Siga! Obrigado, amigo Às vezes confundimos a mesquinhez do mundo com ofensas ao mundo. Ah! Se houvesse facas e tesouras, escopros, chuços e arcabuzes, morteiros, foices e martelos, canhões, canhões, dinamite. Úlimo diálogo de "Onde Jaz o teu Sorriso?"(inclui, em itálico, uma fala do amolador de "Sicilia!"), Assírio & Alvim