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Eles sobrevivem em nós

Uma citação de Didi-Huberman fora do contexto: «[Elas] têm gestos muito, muito antigos, bem mais antigos do que elas próprias. Gestos que vêm de muito longe no tempo. Esses gestos são como os fósseis em movimento. Têm uma história muito longa - e muito inconsciente. Eles sobrevivem em nós .» Didi-Huberman não está a falar de As Filhas do Fogo , mas podia. Talvez sejam aqueles «gestos que vêm de muito longe» que me instigam a relacionar o filme com a tragédia antiga. Quer dizer, com a nossa tragédia.

A tragédia sexual de Leão Tolstoï

Montra da Livraria Académica. 

Oráculo

O tempo arrefeceu e fui desenterrar do armário um casaco mais quente. Do fundo dos bolsos, saltaram duas máscaras dos anos da pandemia. Como os velhos adereços do oráculo numa tragédia.  A peste não vai acabar. E a guerra, como papagueiam os comentadores mais excitados, é «eterna».

Dois lados do muro

Leio o texto do Cioran, traduzido pela Cristina , sobre as pessoas que «sentem que estão de passagem», que têm «a sensação de ter entrado na vida como uma ventania», e lembro-me de uma notícia que li há uns dias. Um norte-coreano que tinha conseguido fugir para a Coreia do Sul, voltou para o norte. Ou melhor, fugiu para a Coreia do Norte, escalando uma barreira de cerca de três metros com arame farpado e arriscando assim a vida pela segunda vez, na fronteira mais vigiada do mundo. Na mesma notícia pode ler-se que este caso está longe de ser isolado: pelo menos outros trinta «desertores» norte-coreanos fugiram da Coreia do Sul para o norte nos últimos anos. Talvez esteja a confundir alhos com bugalhos. A misturar filosofia de sábios com tragédia de espoliados. Demasiado romantismo da minha parte. Demasiada ficção e pão na mesa. Sim, é o mais provável.