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A forma perfeita como Violet descreve o mundo ao seu marido cego, no conto As Mulheres do Afinador de Pianos , é idêntica à forma como William Trevor escreve.  Este procedimento atinge o auge na cena que antecede as revelações em Depois da Chuva .  Aliás, suspeito que as revelações só acontecem porque as descrições do quadro A Anunciação  e das videiras são exactas.  Se continuar, ainda acabo por encontrar nestas passagens uma definição de tradução.  É assim que a aranha trabalha.

Estação de Francos, 8h10.

Geralmente são duas mulheres, cada uma com o seu mostruário cheio de folhetos e revistas ilustrando a felicidade. Os desenhos e fotografias pretendem transmitir bons sentimentos, mas sempre me pareceram um bocado sórdidos — por causa do seu artificialismo, talvez. Agora já não presto atenção às imagens; desde que li “A viagem de Felicia” só me interessam as Testemunhas, ou melhor, o lado obscuro dessas mulheres. Demasiado vestidas, com saias abaixo do joelho, com ar de quem sabe um segredo porco sobre toda a gente mas dispostas a esconder o assunto. É isso que a literatura tem de bom, transforma o mundo monótono à nossa volta numa trama intrigante, dá profundidade de campo.