Parece-me que as coisas finalmente começam a acalmar um pouco. As boas almas dos jornais, os grandes educadores televisivos do povo, os influencers de facebook, já desistiram, pelo menos em parte, de nos aconselhar enxurradas de livros, filmes ou peças de teatro online para «passar melhor o tempo em casa». Não é justo para Kurosawa, mas quando penso nestes bons «conselheiros», a imagem que me ocorre é a de Yuzo, personagem de «Um domingo maravilhoso», a dirigir a «Sinfonia Inacabada», de Schubert, diante de uma orquestra silenciosa de músicos invisíveis, num anfiteatro vazio. Não, não é justo para Kurosawa.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral