Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta ladrões de bicicletas

Culpados

Esta semana, voltámos a ver Ladrões de Bicicletas. A insuportável via crucis do homem e do filho. A terrível cena final, de novo. O miúdo, em lágrimas, testemunha da impiedosa humilhação do pai. O pai derrotado e humilhado diante do filho. Mas, desta vez, a ausência de ricos, patrões, exploradores, revelou-se-me ainda mais óbvia e perturbante. Tudo se passa entre os pobres e miseráveis. O indigente que rouba o desvalido. O desvalido que trama o desgraçado. O operário que tenta passar à frente na fila do eléctrico. O velho da sopa dos pobres que mente ao homem desesperado e este que arrasta o velho para a rua. As trapaças no mercado de bicicletas em segunda mão. Etcétera, etcétera. O que fazer quando os culpados estão fora de campo? É mais simples culpar o vizinho da frente, o passageiro do lado, o tipo da caixa do supermercado. Também nisto o filme é tremendamente actual.

Ladrões de bicicletas

Em Lisboa, o responsável da empresa municipal que gere a frota de bicicletas partilháveis queixa-se de uma onda de assaltos na cidade. Andam a roubar as bicicletas.  «De qualquer forma, a grande maioria das bicicletas foi recuperada; como o sistema tem GPS, conseguimos fazer a sua recuperação.» Numa palavra, as bicicletas podem ser localizadas em «tempo real», de forma rápida, higiénica e sem drama neo-realista. Fim do filme.