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Feira do livro

Este ano, a feira do livro tem regras muito precisas. Os leitores devem seguir um percurso previamente estabelecido, avançando sempre pela direita, de forma ordenada, e evitando, tanto quanto possível, permanecer demasiado tempo no mesmo lugar.  Faz lembrar aqueles romances muito bem delineados, com princípio, meio e fim, personagens sólidos como o cimento, um «plot» — como sói dizer-se —, impecável, tudo perfeito, tudo plano, tudo insípido, sem imaginação. Como uma doença que nunca nos abandona.
Não resisti e fui buscar um Bazarov. Por razões históricas , escolhi o de capa branca. Entra na rubrica contabilística: aprovisionamentos para o inverno.

Apoio à Retoma Progressiva

Podia ir à falência no stand da Snob . Em vez disso: Fiz uma aposta com Henri Lefebvre. Abri o livro à sorte. O olhar (tão contrário às técnicas publicitárias) fugiu para o canto superior esquerdo: “Em Setembro de 1967, Jacques Tati oferece o guião de Playtime aos bulldozers que deitam abaixo os cenários do filme.” Juntei as peças que faltam a Walser (os livros da BCF tem um formato porreiro para ler no metro, mais ou menos dez páginas por viagem) e a Denis Johnson. O problema é que os Bazarov (e logo esses, caramba) ficaram a zurzir-me na cabeça.