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Quarenta rosas brancas

Longa conversa ao telefone. Cioran vai cada vez mais frequentemente à Suíça por causa dos nervos, mas admite que Paris é uma notável almofada protetora contra a neurose. Tem de seguir um tratamento em Enghien onde, lamenta, só se encontram operários. "Só a si é que posso dizer isto", acrescenta. Lê obras sobre Metternich e Nicolau II. Conta-me uma estranha aventura com uma japonesa que, nos últimos quatro anos, lhe envia regularmente rosas brancas — "noutro dia foram quarenta, pensei que estava no meu funeral" — guloseimas e xailes que ela mesma tricota. Ela quer vir a Paris e ligou-lhe de Tóquio. Ele não gostou da sua voz e proibiu-a de vir a Paris, alegando os terríveis ciúmes de Simone. “Não me vejo a passear com ela nos Jardins de Luxemburgo”, confidencia-me. Ela não devia ter ligado. A voz quebrou a magia das cartas. Ela tem quarenta anos e já foi casada duas vezes. Enviou-lhe uma fotografia sua em fato de banho diante de um lago. Ao longe, adivinha-se o Monte ...

— São rosas, senhor, são rosas!

Ontem à tarde apanhei o metro no Viso. É uma viagem maior, atravessa a zona industrial e bairros sociais. Ao passar em Francos, reparei que há muitos roseirais junto aos blocos. São mais bonitos do que o da avenida da Boavista: as rosas crescem à toa e com poucos cuidados, o caule muito alto, as flores emaranhadas umas nas outras, há ervas e flores mais vulgares misturadas. Os jardineiros não sabem, mas para fazer um roseiral basta plantar rosas e deixá-las trepar — é como o chá .