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Miúdos

Na maior parte dos filmes que tenho visto as personagens principais são miúdos. Como agora vou tão pouco ao cinema não pode ser uma tendência global, terá de ser outra coisa mais interior.  Desconfio que é uma necessidade de contrariar o pessimismo que toma conta de tudo de um jeito quase cínico  — já só confio nos miúdos para uma tarefa tão difícil.

Ferro-velho

Esta noite sonhei que fui ao cinema ver um filme de Pedro Costa. Como é habitual nos sonhos, era tudo pouco credível e montado às três pancadas: cheguei atrasada à sessão, sentei-me na última fila, a sala parecia um armazém abandonado (influência de Desnos?) com sofás desconchavados em vez de cadeiras, discuti com um tipo qualquer já não sei porquê.  Só me lembro vagamente de um ou dois planos do filme (por precaução, o sonho eclipsou o resto), mas pela quantidade de luz aquilo não parecia nada um trabalho de Pedro Costa. A única coisa real — quer dizer: que transmite alguma linha de pensamento material — aconteceu no fim. Quando dei por mim estava a conversar com Pedro Costa; não dissemos nada sobre o filme nem sobre cinema, falámos sobre ferro-velho.

Revolução

— A frase que Alberte diz em  Le Diable probablement : "Não haverá revolução. É demasiado tarde." ( Il n'y aura pas de révolution. C'est trop tard .) pode ser substituída por: "Não houve revolução. É demasiado cedo." ( Il n'y a pas eu de révolution. C'est trop tôt .) Basta rodar um bocadinho o eixo do tempo. — Não num filme de Bresson. — Não. Apenas fora do cinema.