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Vermelho dos bombeiros

Não me importo de ver os filmes de Kaurismäki em casa, na televisão que não tem mais de cinquenta e tal centímetros de largura. Pode-se beber e fumar e isso ajuda a compreender o filme, seja ele qual for. Principalmente (assim espero, em breve, tipo espelho perverso)  uma coisa de câmara, à Bergman, com gente sentada no sofá .  Onde não consigo imaginar os seus filmes é nos festivais internacionais, nesses circuitos de vaidades, poses e frases complicadas e tão vazias, oh! Por isso é que ele compensa esse aborrecimento nas entrevistas , sempre muito divertidas. Kippis! Claro que o melhor sítio para os filmes de Kaurismäki, pelo menos onde gosto de os imaginar, é nos Bombeiros de Viana do Castelo (já não me lembro quando, por isso é sempre), projectados para uma data de miúdos entusiasmados. O Hugo contou-me esta história e eu transformei-a em imagens cheias de coisas vermelhas e cadeiras velhas. Pode-se levar o cão. Desnos também havia de gostar.

Aprender com os cães

O outro lado da esperança começa como filme mudo e vai-se revelando musical. Parece uma flor a desabrochar. Talvez por causa desse movimento suave, o pessimismo de Kaurismäki está mais fininho — para além dos sacanas habituais, há mais boas pessoas e onde menos se espera. Ninguém filma os cães vira-latas como Kaurismäki, são verdadeiros modelos , no sentido bressoniano, mas também como ensina o dicionário: coisa ou pessoa que é ou merece ser imitada; exemplo . Acrescentava ainda: como conceito .

Punhos cerrados II

Em Folhas Caídas , Kaurismäki mostra muito bem como é que são as relações de trabalho nesta grande época . E não é só nos supermercados e nas obras; aquela violência e sacanice também se passa nos escritórios modernos (redacções, ateliers, gabinetes, agências, etc., etc.), em frente aos computadores.
O último plano de Folhas Caídas liga directamente aos Tempos Modernos de Chaplin, isso é evidente. Mas também me lembrei de uma coisa que Jean-Marie Straub disse a respeito do bloco sobre o regresso do prisioneiro de Comunistas : que tinha vontade de filmar um par de namorados sem lhes mostrar os rostos.  E ali estão: ele de pé ela sentada, de costas, na varanda, virados para a rua.
Não tenho tempo para mais por isso, enquanto corto as cenouras e penduro a roupa, divirto-me a arranjar etiquetas para o filme de Kaurismäki: musical ( inclui participação do rei do karaoke ), filme irmão de Chaplin e do cinema mudo, manobras cinematográficas de intervenção política, estudos de azul e vermelho, homenagem prolongada a Ozu e Bresson, relatos de guerra, filme de coisas velhas que resistem um pouco, diálogos afiados, resgate de um rafeiro, filme de quem diz não sem baixar a cabeça, filme da tristeza desenganada,

Aki Kaurismäki e os cães

1. Chateado porque não aparece no diagrama do cinema transcendental de Paul Schrader (em contrapartida Andy Warhol está no eixo horizontal à direita e à esquerda).  2. Prepara-se para abandonar o livro e ler aquela revista (?) sobre a Bica Portuguesa.  Os cães, vê-se pelo olhar, são verdadeiros modelos bressonianos. Ela chama-se Alma (diz na plaquinha).

Ah, ah, ah!

Aki Kaurismäki, numa entrevista ao jornal , comenta assim o «sucesso» que o notável  Folhas Caídas tem tido um pouco por todo o lado: «Acho que as pessoas gostam, especialmente os críticos, porque é um filme curto, dura 81 minutos...»

Folhas caídas

O novo filme de Nuri Bilge Ceylan chama-se As Ervas Secas . O de Aki Kaurismäki é Folhas Caídas . O último de Victor Erice começa num velho jardim meio esquecido e intitula-se Fechar os Olhos . Também entre os mestres, há um vago perfume a fim de qualquer coisa.
Vi umas fotografias de Aki Kaurismäki na inauguração do ciclo da Cinemateca, mas fiquei desapontada — contava vê-lo com o cão.

A big-time loser

O texto de Olizia Nuzzi anuncia : triste, só, falido. E cita três vezes o Sunset Boulevard . Mas a imagem da capa da revista New York  (Damon Winter/The New York Times/ Redux) segue outro rumo cinéfilo e mostra Trump como uma personagem de Kaurimäki, apenas com adereços mais sofisticados.  

Tango finlandês

Às vezes a entrada envidraçada do abandonado Hotel Nave parece uma cena do Kaurismäki: mantas de diversas cores e sacos de supermercado cheios. Dois homens sentados em cadeiras — calados. Bebem (vodka ou cerveja?) e ouvem música (em língua russa?) Nem de propósito, no JN de hoje: (...) Sobre o aumento do número de sem-abrigo na cidade, Fernando Paulo salientou que o Porto tem "uma forte atratividade" para as pessoas em Situação de Sem Abrigo (...)   Por este andar, “a forte atratividade” ainda há-de aparecer na Monocle em fine papers.