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A foca

Françoise Frontisi-Ducroux explica como a foca representa, nos antigos mitos gregos, a ideia de anfíbio: «Criatura mista, com características de peixe e de mamífero, que gosta de se estender na areia húmida no seu vaivém entre o mar e a terra, a foca é uma figura ideal de intermediário, apta a encarnar fronteiras e passagens entre categorias habitualmente distintas, ou mesmo opostas. É precisamente isto que as histórias de metamorfoses põem em cena.» O general Della Rovere é a foca no filme espantoso de Rossellini , que passou no Batalha, e que ainda não tínhamos visto. De trapaceiro a benfeitor e vice-versa; de colaboracionista a resistente e vice-versa; de Rossellini a De Sica e vice-versa.

O velho demónio

À noite fomos ao Trindade ver A Máquina de Matar Pessoas Más , de Rossellini, que passava na Sala 1. À mesma hora, na sala ao lado, a Sala 2, estreava Retratos Fantasmas , de Kléber Mendonça Filho. O raccord perfeito. O velho demónio das imagens ainda tem pernas para passar as noites a saltar de uma sala para a outra e fazer das suas.

Fantasia submarina

Leio em Truffaut que os primeiros filmes de Rossellini foram documentários sobre peixes. Mordo o isco e encontro Fantasia submarina , uma curta-metragem, de 1940, que não é bem um documentário, mas uma fábula com animais marinhos. Rossellini construiu um aquário em casa para filmar o oceano. Segundo parece, o realizador e o director de fotografia, Rodolfo Lombardi, usaram vários peixes mortos, que animaram com truques engenhosos para dar vida à narrativa. Uma mentira para dizer a verdade. Hoje, encerrados nos nossos aquários de peixes mortos, falta-nos o sabor benévolo da mentira. Só há verdade.