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A catástrofe

“… há muito a aprender na catástrofe" (p. 45). Uma vez Susan Sontag disse, diz Brodsky, "que a primeira reação diante da catástrofe é perguntar: Qual foi o erro? O que deve ser feito diferente ?". Mas Sontag ainda diz que há outra alternativa, outro comportamento possível: "deixar a tragédia atropelar você" ; "se você conseguir retornar depois disso, será uma pessoa diferente. O princípio da fênix, poderíamos dizer; eu frequentemente lembro dessas palavras de Sontag" (p. 45).  Kelvin Falcão Klein
Juiz: De modo geral, qual é a sua especialidade? Brodsky: Eu sou poeta. Poeta-tradutor. Juiz: Quem decidiu que o senhor era poeta? Quem o classificou entre os poetas? Brodsky: Ninguém. ( Sem qualquer desafio ) E quem me classificou no gênero humano? Juiz:  E o senhor estudou com tal objetivo? Brodsky: Qual objetivo? Juiz: De se tornar poeta. Não tentou fazer os estudos superiores para se preparar… para aprender… Brodsky: Eu não pensava que seria possível aprender isso. Juiz: Como se tornar poeta, então? Brodsky: Penso que… ( Desconcertado ) … é um dom de Deus… Juiz: O senhor deseja apresentar alguma demanda ao tribunal? Brodsky: Adoraria saber por que fui preso. ... Parte do processo de Joseph Brodsky, traduzido por Guilherme Gontijo Flores, para ler aqui .

Influenciadores do século XX

Brodski contrariava uma qualquer norma extremamente importante

(...) Brodski criou um modelo inédito de comportamento. Não vivia num estado proletário, mas num mosteiro do seu próprio espírito. Não lutava contra o regime. Simplesmente não dava por ele. E mal sabia da sua existência. A sua falta de conhecimento da vida soviética parecia fingida. Por exemplo, andava convencido de que Dzerjinski estava vivo. E que Komintern era o nome de um grupo musical. Não reconhecia os membros do Politburo do Comité Central. Quando, na fachada do seu prédio, afixaram um retrato de seis metros de Mjavanadze, Brodski disse: — Quem é este? Faz lembrar William Blake... O comportamento de Brodski contrariava uma qualquer norma extremamente importante. E foi desterrado para a região de Arkhangelsk. O poder soviético é uma dama melindrosa. Quem a ofende, sofre. E é pior ainda para quem a ignora... Serguei Dovlatov, O Ofício. ANTÍGONA. Outubro 2018. Páginas 42 e 43.