Num texto sobre o ano de 2025, publicado no Público de ontem, Bárbara Reis descreve um impressionante episódio ocorrido em Julho, nos Estados Unidos: «A tia de uma aluna da Universidade de Idaho assassinada por um colega diz ao assassino, em tribunal, após a sentença de prisão perpétua, que o perdoou: “Bryan, estou aqui para dizer que te perdoei. Não conseguia continuar a viver com este ódio no meu coração. Para me tornar uma pessoa melhor, perdoei-te.” E acrescenta: “Sempre que quiseres conversar e contar-me o que aconteceu, pede o meu número de telefone. Estou aqui, sem julgamento.”» Esta história é uma ilustração assombrosa da tese de Walter Benjamin sobre as personagens dos contos de fadas de Robert Walser: «Se quisermos resumir o que a um tempo têm de divertido e de terrível, podemos dizer: estão todos curados. É certo que jamais saberemos qual foi o processo da cura, a menos que ousemos debruçar-nos sobre a sua Branca de Neve .» Ora, debrucemo-nos sobre Branca de Neve . O que é ...
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral