Ainda a propósito de ver e não ver: «A prática de vendar os olhos de prisioneiros palestinos tem sido amplamente empregada por soldados israelenses. Não apenas no momento de captura ou deslocamento de detidos. Trata-se de uma técnica de tortura: vendar os olhos também por longos períodos em cativeiro. Os impactos destrutivos são notáveis. É um ato de privação sensorial que, segundo a psiquiatra e psicoterapeuta palestina Samah Jabr, tem consequências psíquicas e fisiológicas perenes: lesões oculares, estados profundos de dissociação, vulnerabilidade e dor. Sobreviventes relatam a indiferenciação do dia e da noite, também a impossibilidade de dormir por longos períodos ou de suportar a escuridão. Para alguns, após serem desvendados, as pálpebras não se fecham por algum tempo. Vemos sobreviventes que saem da prisão desfigurados com seus olhos arregalados, em choque, não piscam mais. Seria o vendado aquele que teria visto demais? Para Samah Jabr, soldados israelenses vendam os olhos dos
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral