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O público espera que a história acabe mal

«Conta-se que Jean Gabin exigia antes de assinar um contrato para fazer um filme que o argumento contivesse uma cena em que ele se encolerizasse e matasse alguém. A história é provavelmente falsa, mas merece ser verdadeira. Não seria um capricho de vedeta, mas a consciência do seu personagem. Seja qual for o argumento do filme, Gabin não pode ter um destino que não seja o seu. Se fosse necessária uma prova suplementar do destino excepcional de Gabin, bastaria notar que ele é talvez o único ator do mundo diante do qual o público espera que a história acabe mal. Por conseguinte, Gabin tinha razão em exigir o ataque de fúria homicida, pois este constitui o momento significativo de um destino imutável, no qual o espectador reconhece, de filme em filme, o mesmo herói de uma Tebas suburbana e operária.» André Bazin, citado por Antonio Rodrigues.

Impedem-me de dormir

Sabiam que vivo obcecado por dois monstros? Eles tornam-me a vida praticamente impossível: são eles Charlie Chaplin e René Clair… À medida que avançávamos na construção do nosso argumento, acontecia-nos por vezes ficarmos bastante satisfeitos com o nosso trabalho, com as nossas descobertas, mas não por muito tempo! No dia seguinte, coçava a cabeça e dizia: o Charlie já pensou nisto, há vinte e cinco anos! Ou então: René Clair fez isto naquele filme!... Depois deles, o cinema tornou-se quase impossível!... Juro-vos que me complicam a vida e impedem-me de dormir. Vittorio De Sica, a propósito de O Milagre de Milão , citado por André Bazin (folha de sala da Medeia).