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A arte de sublinhar

É impossível sublinhar livros no comboio. Ou por outra: possível é, mas as linhas saem tortas, oscilantes, canhestras. Há um grau mínimo de rigor e geometria para o sublinhador de livros. Sublinhados tortos parecem sugerir um pensamento torto. As linhas devem ser direitas como o comboio a sublinhar a paisagem.

Um leitor desconhecido

Tiro um livro da estante. É um velho livro usado que talvez tenha comprado na Vandoma. Ou num alfarrabista, talvez. Não sei, não me lembro. Há frases sublinhadas, símbolos nas margens: setas, cruzes, pequenas circunferências. Releio as passagens que o leitor anterior sublinhou e destacou com sinais. O que é que ele viu e que eu não consigo ver? O que é que eu não percebo? Ou terei sido eu a sublinhar o livro e entretanto perdi a memória disso? Um leitor desconhecido ou eu próprio noutro tempo. A diferença não é nenhuma.