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Impressão de realidade

Após a leitura da primeira cena, um actor levanta a hipótese de o Fantasma consistir num simples truque de prestidigitação. O «prodígio» seria, na verdade, alguém disfarçado de fantasma do velho rei. Alguém interessado em forçar Hamlet a agir e a assassinar Claudius. Quem?

O destino do Fantasma

O fantasma do velho rei da Dinamarca começa a assombrar os muros de Elsinore. Para neutralizar o espectro e dar-lhe sepultura, é preciso um sacrifício: o jovem Hamlet deve vingar-se, assassinando o novo rei. Enquanto não forem cumpridos esses ritos funerários, o espectro continuará a errar por Elsinore. No final, o sacrifício cumpre-se: o rei é morto. Mas nada se sabe sobre o destino do fantasma. Desceu definitivamente ao mundo dos mortos? Ou permanece entre os vivos, assombrando um príncipe após outro, exigindo mais um assassínio, e outro, e outro ainda? Até aos nossos dias. Pensa-se que Shakespeare representou, ele próprio, o papel do Fantasma. Era o único que verdadeiramente lhe assentava.

Espectros

À noite, sem mesas e cadeiras, as esplanadas que ficaram do tempo da pandemia lembram palcos de teatro. Centenas de palcos espalhados por toda a cidade. Vazios, silenciosos, abandonados. Os fantasmas dos actores do passado divertem-se.

Navio fantasma

«É o nevoeiro no Tejo que tem feito um navio buzinar toda a noite.» Leio este título no jornal. Fecho os olhos, ei-lo: o vago vulto de um navio, preso no nevoeiro, a trezentos quilómetros de distância, lamentando a sua fraca sorte de fantasma, uivando no fundo do meu ouvido.

Grafíti

O grafíti que alguém tinha pintado na parede do outro lado da rua desapareceu. Veio a brigada da câmara e pintou por cima. Agora é uma simples parede de um monótono e amnésico azul. Enquanto fumo um cigarro à janela, olho com mais atenção e vejo a sombra nítida do velho grafíti por detrás da tinta camarária. Não há como evitar: parece um fantasma preso para sempre à parede, mais visível do que nunca.