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Chantal Akerman: (...) Quando estava a filmar D’Est na Ucrânia, ficamos sem gasolina. Uns agricultores sugaram gasolina dos seus carros para nos dar, depois não queriam que fôssemos embora, prepararam-nos um banquete. Por mais pobres que fossem, conseguiram juntar o suficiente para nos oferecer uma refeição de rei. Não conheciam Prokofiev ou Shostakovich, mas sabiam que quando alguém está com fome é preciso dar-lhe de comer. Estaline «esqueceu-se» de planear as sementeiras e provocou uma fome na Ucrânia que fez 7 milhões de mortos. E, no entanto, ele era de lá, da Ucrânia. Nada é simples. Estes mesmos camponeses poderiam ter massacrado judeus durante a guerra. Estes mesmos ou outros.
D’Est , de Chantal Akerman, não teve estreia comercial em Portugal, apesar da RTP estar envolvida na produção. O filme, de 1993, passou pela primeira vez no nosso país no dia 15 de Janeiro de 2002, na Cinemateca Portuguesa (inserido no ciclo «Cinema e Pintura» / Módulo III, apresentado por Dominique Païni). Alguns sites classificam-no como muet .

Enquanto ainda é tempo

Gostava de fazer uma grande viagem através da Europa de Leste, enquanto ainda é tempo. Rússia, Polónia, Hungria, Checoslováquia, ex-Alemanha de Leste, até à Bélgica. Gostava de filmar por lá à minha maneira documental a roçar a ficção. Tudo o que me toca. Rostos, ruas, carros que passam e autocarros, estações de comboios e planícies, ribeiras ou mares, rios e riachos, árvores e florestas. Campos e fábricas e mais rostos, comida, interiores, portas, janelas, preparação de refeições. Mulheres e homens, jovens e velhos que passam ou que param, sentados ou de pé, às vezes até deitados. Dias e noites, chuva e vento, neve e a Primavera. Tudo isso que se transforma docemente, ao longo da viagem, os rostos e as paisagens. Todos esses países, em plena mutação, que passaram por uma história comum depois da guerra, ainda muito marcados por essa história nas próprias sinuosidades da terra, mas cujos caminhos agora divergem. Gostava de gravar os sons dessa terra, fazer sentir a passage