Em Os Favoritos da Lua , de Otar Iosseliani, há um quadro que é roubado várias vezes ao longo do filme. Sempre que um novo ladrão palma o retrato, a tela é cortada à pressa da moldura, perdendo mais um bocado da imagem. No final, o quadro está reduzido a metade. Quem não tenha conhecido o original, vê apenas a parte que resta, tomando-a pela imagem toda. Uma ideia engenhosa para ilustrar a depredação causada pelo tempo e pelos homens. Sobretudo pelos homens. Por exemplo, a depredação do estado social. Dos direitos laborais. Da democracia. Isto é mais uma achega a propósito do que a Cristina escreveu aqui .
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral