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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2022

Aqui não existem essas queixas

Mais um artigo no jornal sobre os problemas do ruído nas zonas de animação nocturna de Lisboa e do Porto. Em Lisboa, os moradores têm-se unido para exigirem soluções à câmara. No Porto, é mais simples: não há problema porque já não há moradores: [Para Rui Pereira, proprietário do Café Santiago da Praça, no Porto], a questão do ruído é «pertinente» e deve ser medida. Porém, argumenta que «no centro da cidade não é de facto um problema, porque a habitação permanente tem vindo a diminuir. Existe muita habitação, mas são alojamentos locais e são pessoas que de certa maneira já vêm preparadas para a animação, portanto, aqui não existem essas queixas». Jornal Público , 31 de Julho de 2022.

A seita dos tanguistas

O tango é uma espora com a qual o homem se fere a si mesmo, é uma dança de passo cauteloso e retorcido, gestual com os gestos da sedução animal que, dentro da própria dança, vai urdindo a sua teia com a qual manieta a mulher que quer escapar à sua influência. O verdadeiro tango dançado é um tango de garatuja, pernalta e corcunda, insistente e humilde, em que as calças são acordeões que se dobram e desdobram e por fim se encavalitam num passo requintado. Um inglês disse que era uma declaração de amor feita com os pés e alguém mais atrevido que «era fazer a dançar aquilo que os outros fazem deitados». Uma senhora inglesa, em contrapartida, ao ver dançar um tango perguntou se se tratava de uma seita religiosa. Interpretação do Tango,  de Ramón Gómez de la Serna. Tradução de Sofia Castro Rodrigues. VS editor. 2022.

Temos toda a informação necessária para compreender a escala do desastre que nos espera

No jornal de ontem, uma entrevista com Joshua Yaffa sobre o regime de Putin. P: Como se justifica que, além de as nações ocidentais não terem travado Putin desde que assumiu a Presidência da Rússia, em 2000, tenham reconhecido e normalizado o poder do Kremlin, quando existia toda a informação para prever uma escalada da violência? R: Interesses, falta de imaginação para compreender a natureza tanto do indivíduo como do sistema que representa, e o potencial desse sistema, as suas ambições. Eram coisas difíceis de imaginar antes de acontecerem. E não é apenas em questões de geopolítica, pensemos nas alterações climáticas. Neste momento temos toda a informação necessária para compreender a escala do desastre que nos espera, mas ainda é muito difícil impor medidas para o contrariar. *** Na Hungria, o primeiro-ministro declarou há poucos dias que os húngaros não devem tornar-se numa «raça mista». Na sequência dessa declaração, Zsuzsa Hegedus, assessora de Viktor Orbán, apresentou a demissã

Degraus

Se tivesse unhas, escreveria um ensaio sobre o papel e o lugar das escadas nos filmes de John Cassavetes. Contaria e descreveria o número de sequências em que os personagens sobem e descem escadas. São inúmeras e sempre importantes. Dois exemplos entre muitos: as escadas que separam os dois andares da casa da família Longhetti em Uma Mulher Sob Influência (1974); e as escadas que separam os bastidores e o palco do bar em  A Morte de um Apostador Chinês (1976). Uso a palavra «separam» de propósito. É que as escadas nos filmes de Cassavetes são passagens estreitas, difíceis de subir e descer. Exigem um enorme esforço físico e mental. São fronteiras que rapidamente convertem cada personagem num estrangeiro dentro da sua própria história.

Fumar / Não Fumar

 

Fiat Tenebrae

Ao longo dos tempos, e por causa dos vincos que a bíblia deixa na nossa vida, o acto e as consequências de fazer-se luz têm sido exagerados. Nem sempre é pelo esclarecimento que se compreende o obscuro ou duvidoso. Muitas vezes, é precisamente do oposto que precisamos: que caia uma sombra ainda mais profunda sobre aquilo que não sabemos para, talvez assim, chegar a perceber alguma coisa. Mesmo que isso não nos dê a capacidade de explicar, apenas um espanto — mas um espanto carregado de intuições. Se calhar era isto que a psicanálise procurava.

Questionários de Verão

Gosto de ler os questionários de férias dos jornais. É o tipo de coisas que só se publicam no Verão. É como se o tempo arrastado e indolente da estação fosse mais propício ao confessionalismo. A ideia é simples: os entrevistados têm mais disponibilidade e menos pressão para pensar nas respostas e, por isso, podem ser mais autênticos e genuínos. Mas é exactamente por esse motivo que as respostas são tudo menos autênticas e genuínas. Os questionários são uma espécie de exercício proto-literário, mais próximo da ficção do que qualquer outro texto do jornal. O que o leitor avalia não é a autenticidade, mas a destreza inventiva do entrevistado. E, claro, lendo a maioria das respostas, a verdade deve ser bastante mais interessante do que a ficção.

Que chalaceiro me saíste!

N’ O Mercador de Veneza há uma cena que corresponde mais ou menos ao desenvolvimento teatral do «queria, já não quer» dos empregados de café espertalhões. Talvez não seja a situação mais moderna, quer dizer clássica, quer dizer moderna, da agitadíssima peça, mas mostra bem, por comparação negativa, como a literatura contemporânea se desliga constantemente da possibilidade de humor linguístico da realidade mais comezinha, e prefere meter-se em enfados de gabinete sem brilho nem chiste.  Mas vamos então à cena (na melodiosa tradução de Daniel Jonas ): em Belmonte, Lancelote informa Jessica que, por mais voltas que dê à sua vida, está tramada. Nisto, entra Lorenzo.  Jessica: Vou dizer ao meu marido o que me disseste, Lancelote: aqui vem ele.  Lorenzo: Não tarda vou ficar com ciúmes, Lancelote, se continuas a andar com a minha mulher por sítios recônditos.  Jessica: Não, não tendes de temer por nós, Lorenzo: Lancelote e eu estamos desavindos. Diz-me a seco que não há mise

Mentira

O regime totalitário está essencialmente ligado à mentira. A tal ponto que nunca se mentiu tanto em França como desde o dia em que, inaugurando a evolução para um regime totalitário, o marechal Pétain proclamou: «Odeio a mentira.» Alexandre Koyré, Reflexões sobre a Mentira . Tradução de Diogo Paiva.

Servos

Leio no Fragmento XXI de A Amizade , de Simone Weil: «O pastor é servo das ovelhas.» Sigo um daqueles rastros deixados na memória e regresso a Un Chant d'Amour , do Genet. Também o polícia da prisão é servo do seu desejo solitário e oculto. Prisioneiro de si próprio, da sua carne, procurando desesperadamente uma saída. É o menos livre dos personagens.
A Iris de Alcarràs é da mesma têmpera do Bogey do Rio Sagrado . Miúdos que são como o vento.

Sarajevo VI

Últimos momentos em Sarajevo. Apanhamos um táxi para a central de autocarros. Num semáforo, o taxista aponta para um edifício moderno e feioso com uma cruz no telhado. É uma igreja católica erigida depois da guerra e que permaneceu inacabada durante anos por falta de dinheiro. A obra só foi concluída, diz o taxista, graças à ajuda de um muçulmano rico da cidade. Faz uma pausa e acrescenta: «Isto é a Bósnia.» Não sei se o taxista inventou a história. E se inventou, não sei se o fez por nós ou por ele. É uma bela história. Agradeço que a tenha contado. Tal como se inventam histórias para justificar a guerra, também se criam outras para construir a paz.

Sarajevo V

A Casa dos Sindicatos fica numa das extremidades da Obala Kulina bana, a avenida que acompanha o rio Miljacka. O mobiliário e a decoração do café são patrocinados pela marca de whisky Johnnie Walker, e no telhado brilha de dia e de noite um gigantesco néon da McDonald’s.

Sarajevo IV

Observo, fascinado, as gralhas. Estão por todo o lado. Elegantes no ar, completamente desengonçadas no chão, como o albatroz de Baudelaire. As pessoas naturalmente parecem nem dar por elas. Sinto-me como aqueles turistas no Porto que fotografam cada gaivota que lhes passa pela frente.

Son coeur mis à nu

O monólogo de Véronika é talvez a parte mais referida e até venerada d’ A mãe e a puta . Compreende-se, tem a força dos desastres: uma explosão, uma chuva torrencial, esses fenómenos que atraem e metem medo.  Mas prefiro encarar este monólogo de um jeito menos isolado e mais dialéctico, como uma resposta a todas as coisas cruéis que Alexandre disse à personagem Véronika e à antiga amante Françoise Lebrun durante essa longa  sequência de treze minutos no Flore . Como um verdadeiro contracampo — o mais intenso que já se viu num filme pois dura o tempo que tem de durar e usa um vocabulário em tudo contrário ao de Alexandre. Mostrando as suas contradições, as próprias debilidades do seu pensamento (haverá maior prova de sinceridade?), Véronika leva tudo pela frente: as palavras e a pose do amante e até as ideias do seu tempo. Exactamente como uma queimada quando o mundo era ainda rodeado de deuses. E mesmo depois desta catarse, depois do vómito e do plano igual ao de La Chienne , e da repr

Fazer frente a todas as ofensas

A sequência 26 é uma das mais longas do filme, dura treze minutos. É também a mais dolorosa e a mais grave. […] No Flore , Alexandre conta a Véronika as circunstâncias da sua ruptura com Gilberte. Com despudor e arrogância, pela boca de Léaud, Eustache acerta contas com Françoise Lebrun, contando minuciosamente todos os acontecimentos que levaram à separação e os que daí resultaram. A personagem é Véronika, mas a atriz é Françoise Lebrun. Pela única vez no filme, os olhares estão directamente no eixo da objectiva para dar mais peso aos argumentos. Além disso, a atriz luta para esconder a emoção, as lágrimas caiem dos olhos. Mas resiste e fica calada; ao aceitar o filme, decidiu enfrentar todas as ofensas. Quando Alexandre diz: "As mulheres que estão com tipos decentes deixam-nos sempre por gajos menores", a equipa sabe que o marido de Françoise está a fazer figuração sentado num banco vizinho. O casal aceitou o acerto de contas e o “menor” veio espontaneamente naquele dia ofe

Uma brecha

— Um dia em maio de 68…, havia muita gente no Mahieu , e estavam todos a chorar. Todo um café a chorar, era muito belo. Tinha caído uma granada de gás lacrimogéneo... Se não fosse lá todas as manhãs, não teria visto nada disso. Mas assim, diante dos meus olhos, abriu-se uma brecha na realidade.

Le Train Bleu

— Gosto tanto deste sítio. Quando estou de mau humor, venho para aqui, creio que sou o melhor cliente. Só há pessoas de passagem. Parece um filme de Murnau. Nos filmes de Murnau há sempre uma passagem: da cidade ao campo, do dia à noite. Tudo isso existe aqui. À direita, os comboios, o campo; à esquerda, a cidade. Parece que não há um grama de terra, nada mais do que pedra, betão, viaturas.

Quem é quem

Jean-Pierre Léaud interpreta Alexandre, alter ego de Jean Eustache.  Bernadette Lafont faz de Marie que na verdade é Catherine Garnier, encarregada do guarda-roupa e maquilhadora do filme, companheira de Eustache.  Françoise Lebrun, antiga companheira de Eustache, interpreta Véronika que na vida real é Marinka Matuszewski, amante de Eustache (ela aparece por um instante no Flore  a pedir lume a Alexandre).  Isabelle Weingarten interpreta Gilberte, na realidade Françoise Lebrun, aquela que deixou Eustache e não quer voltar para ele apesar das suas súplicas.  Vê-se Jean Eustache no supermercado a empurrar um carrinho de compras e de braço dado com Gilberte. Representa o marido daquela que o deixou. Aparece, portanto, no papel do seu rival. Luc Béraud, Au travail avec Eustache (Making of), Lyon, Arles, Institut Lumière/Actes Sud, 2017, p. 34

Falar com as palavras dos outros, deve ser isso a liberdade.

— E se fossemos tomar o pequeno-almoço ao Mahieu? É um café no boulevard Saint-Michel que abre às 5h25. A essa hora encontram-se por lá pessoas formidáveis, pessoas que falam como livros, como dicionários. Ao pronunciar uma palavra, é a própria definição dessa palavra que nos oferecem. Nada a ver com o jargão, a linguagem cifrada do Nouvel Observateur ou do Monde . Lembro-me de um árabe que dizia, pronunciando cada sílaba: “Consta que as mulheres negras fazem amor de forma extraordinária. Quando o homem introduz o seu órgão sexual na vagina da mulher, parece que se sente um calor de fornalha. Foi um administrador das colónias que me contou isto.” Gostava de poder falar assim. Falar com as palavras dos outros, deve ser isso a liberdade.

En vert et contre tout

Apesar de Jean-Pierre Léaud dizer que passa as tardes no Flore a ler ,  só o vemos com “À procura do tempo perdido”  — e o filme  tem três horas e quarenta minutos! O livro (com dedicatória) que ele tenta oferecer a Gilberte é “Os desastres de Sofia” (curiosa, mas não inédita, a ligação de Proust à Condessa de Ségur).  Em casa de Marie, quase escondido, o Cahier Michaux , das Editions de L’Herne .  Em casa do amigo, um livro sobre as SS.  Há mais algumas citações esparsas (Bernanos, Borges, Céline? et al .) O resto é a perfeição e diversidade literária do texto de Eustache: muitos aforismos, críticas de todos os tipos, pequenas narrações, confissões, diálogos, monólogos,  anedotas , etc. Contra todos.

Locais de filmagem em Paris:

Jardim de Luxemburgo, fora e dentro do gradeamento. Em frente ao liceu Montaigne.  Interior e esplanada do café Les Deux Magots . Interior do café de Flore . O café Le Saint-Claude . Interior de La Rhumerie . Le Train bleu , restaurante na estação de Lyon, O apartamento do amigo, rue du Commandant-Mouchotte . O apartamento de Marie (de Catherine Garnier), rue de Vaugirard . A boutique de Marie (de Catherine Garnier), rue Vavin. Um cais do Sena, à noite. O quarto de enfermeira nas águas-furtadas do hospital de Laennec, rue de Sèvres .  Algumas ruas do Quartier Latin .   Em Paris, Antoine de Baecque.

Sarajevo III

Do quarto do hotel, observo as pessoas na rua. Ninguém caminha com pressa. E apesar da fila de carros em hora de ponta, só de vez em quando se ouve o troar nervoso de uma buzina. Ninguém está em guerra. A cidade não está cercada e em estado de sítio. Para quê correr?

Sarajevo II

Em muitos prédios da cidade, há uma placa com o aviso «Perigo de derrocada da fachada». Mais uma coisa que não é imediatamente óbvia para um estrangeiro que não domine a língua. Só me apercebi dessa espécie de padrão após várias caminhadas. Decorridos 30 anos sobre o cerco, porque é que ainda não se renovaram as fachadas e se apagaram os traços das balas e dos morteiros? Imagino a resposta: porque na Bósnia o dinheiro é pouco e o que existe é para usar nas coisas essenciais à vida.

Sarajevo

O hotel fica numa rua relativamente estreita, que conduz directamente à avenida principal da cidade, a avenida do Marechal Tito. De um lado e do outro, prédios de quatro ou cinco andares, construídos entre os anos 60 e 70. Edifícios banais de habitação, como quaisquer outros de qualquer outra cidade da Europa Central. Fachadas manchadas pelo fumo dos carros, varandas com mesas e cadeiras de praia, janelas com venezianas. Mas se olharmos com mais atenção, as fachadas destes prédios são tudo menos banais. Há marcas de bala e de estilhaços de morteiro um pouco por todo o lado. No edifício em frente ao quarto do hotel conto mais de vinte destas marcas. Não se vêem de imediato, é preciso afastar um pouco a cortina.

O tempo presente e o tempo passado estão ambos talvez presentes no tempo futuro

Num certo sentido, os mortos são criaturas dóceis. Posso afirmar — com leviandade mas sem oposição — que Cioran escreveu estas notas depois de ter lido a crónica de hoje do Guerreiro:  «Tenho uma percepção tão directa dos desastres que o futuro nos reserva, que me pergunto onde ainda encontro força para enfrentar o presente. (...) Se pudéssemos ver o nosso futuro, enlouqueceríamos de imediato.  (...) Por mais desiludidos que sejamos, um dia havemos de parecer necessariamente ingénuos, pois o futuro excederá em muito as nossas visões mais sombrias. (...) O meu tempo não é o tempo da acção: agir é viver no presente e no futuro imediato. Mas eu só vivo no passado longínquo e num futuro ainda mais longínquo.  Diz-se (diz a ciência) que a Grã-Bretanha ficará completamente submersa e coberta de água daqui a quinhentos mil anos. Se fosse inglês, bastaria esse facto por si só para me paralisar e para justificar a minha recusa à acção.»

Fado da tristeza

Assim como já pensei traduzir mauvais demiurge por um adjectivo diferente a cada investida, aumentando com este subterfúgio o alcance negativo do demiurgo, também arranjei um truque semelhante para contornar a frustração de não encontrar uma palavra portuguesa que faça justiça ao  cafard francês. Basta juntar à nossa tristeza rasteira uma qualificação que a projecte mais para baixo — como se estivesse continuamente a cair num poço. A lista é infindável: negra, abismal, medonha, funesta, canalha, desgraçada, sinistra, fatal, cruel, lutuosa, sombria, soturna, malfadada, lúgubre, desditosa, inconstante, etc.  As melhores duplas são as que podemos imaginar na letra de um fado antigo. Demiurgo ( 1 , 2 e 3 ) | Cafard ( 1 , 2 e 3 )

Influenciadores do século XX

I wanted to ask you about Henri Michaux

Allen Ginsberg : (...) Ele era um tipo muito tímido, muito reservado, por isso o que me ficou gravado na cabeça foi aquele encontro na esquina onde os nossos quarteirões se cruzavam. Estávamos a saltitar de entusiasmo e a discutir umas cenas, espantados por estarmos ali com ele e de repente apareceu uma mulher que nos apontou a máquina fotográfica, então Michaux (percebendo que nós éramos “beatniks americanos” famosos que publicávamos na Life Magazine) disse: “Oh, esta senhora deve ser para vocês” porque era muito tímido e afastou-se (não queria ser fotografado, ou não queria ser fotografado connosco, ou pensou que talvez fosse um truque para conseguirmos uma fotografia juntos para publicidade). Senti-me um bocado… Estávamos em Paris, era o seu território, calculei que fosse uma fotógrafa francesa a tentar tirar-lhe uma fotografia por isso disse: “Bom, deve ser para si, senhor Michaux”. Mas nessa altura a mulher exclamou: “Não se importam de sair da frente? Estou a tentar fotografar e

Experiência

Junto à saída da casa de banho pública, instalaram um ecrã com a seguinte mensagem: «Avalie a sua experiência.» Há várias possibilidades de resposta, de péssima a excelente.  Ocorrem-me de imediato as histórias do Mário Cesariny sobre casas de banho públicas, lugares propícios para encontros breves. Experiências, essas sim. E sem aspas.

Vistas para o pátio dos artistas

Aproveitei a Casa Aberta para visitar a ESAP (ainda em construção). Junto à chaminé que vejo das traseiras, naquilo a que os homens das obras chamam pátio dos artistas , vão plantar um jacarandá. Como o logradouro é solarengo e protegido do vento, o jacarandá vai crescer exuberante e secreto.

Aquela que duvida (selfie V)

Entre outras coisas, não estar nas redes sociais e ter um telemóvel de vinte euros descreve-me como uma pessoa antiquada — o que não é completamente errado. Aos poucos, essa falha comunicacional começa também a qualificar-me como pessoa suspeita — talvez também não seja completamente errado, mas prefiro a palavra “duvidosa”.

Influenciadores do século XX no jardim