Um velho amigo, do meu círculo mais íntimo, diz-me que não quer ser cremado e as cinzas lançadas ao mar como lixo. Apesar de gostar muito do mar, quer ser enterrado no sítio onde nasceu, a três mil quilómetros daqui, segundo os ritos. Quer que lhe prometa que farei o possível para que o seu desejo seja cumprido. Digo-lhe que não será cremado e que não percebo onde foi ele buscar a estranha ideia de que as suas cinzas seriam lançadas ao mar como lixo. Ele insiste e repete tudo outra vez. Prometo.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral