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Oh, uma ocorrência literária!

Ando há mais de uma semana a tentar escrever sobre os “Cadernos de Bernfried Järvi” e não consigo. Enquanto estava a ler o livro, talvez por simpatia, assaltavam-me ideias fulgurantes, mas depois da última página, depois nada. Quase uma afasia; as ideias foram perdendo a força, as palavras revelam-se desajustadas. Passa tudo ao lado. Tento uma e outra vez. O nevoeiro alastra. Não é fácil fazer frente a este livro, não é um livro qualquer, não é um livro à toa. Pelo contrário, posso afirmá-lo sem rodeios: este livro é literário e tem um passado! E basta isso para o tornar marginal, suspeito e até perigoso ( é necessário acrescentar uma tarja vermelha , diria Pagreus). O problema são as provas, a linha cronológica existe mas vejo-a toda enrodilhada ( falta-me discernimento ) Mais do que uma crítica literária, os “Cadernos de Bernfried Järvi” pedem um bom detective, alguém que saiba controlar os adjectivos, um mapa de três dimensões, cervejas ou café, uma lupa, algumas nuvens e menos

Dentro e fora

“Como escrever o romance de toda a gente? Como é estar no Porto quando isso é o mesmo que estar em Aachen? Como é estar impregnado de um  spleen  que subtrai as personagens à História e a todo o enraizamento local? Como é ver o mundo familiar a partir de um olhar que apreende a sua paradoxal estranheza?” O Rui foi para fora. Aproveito para espalhar umas estrelas e depois vou para dentro.