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A mostrar mensagens com a etiqueta exercícios práticos de gramática

Tempo de intervenção

O condicional é o tempo verbal que nos espera, que espera por nós. Não é como o futuro que já está definido (por quem?) e por isso fechado. No condicional há uma folga em que somos chamados a intervir, em que podemos transformar o «se» em modo presente. No condicional, como no filme de Marguerite Duras, o que teria sido, é.

Pretérito Imperfeito do Conjuntivo

(para publicar entre 25 de abril e 1 de maio) Um tipo encostado a uma parede a fumar um cigarro durante uma pausa do trabalho. Para além de rebater todas as imagens de banco (um dos combates mais necessários do nosso tempo — isso e liquidar o discurso publicitário que tomou conta da linguagem), é um dos momentos mais gloriosos da jornada laboral: uma brecha no tempo e no espaço; a condição de possibilidade necessária. (para ler com a entoação do amolador de Sicília!) — Ah, se ele se pudesse ver, se conseguisse sentir a força do seu gesto; e se decidisse fazer qualquer coisa com isso.

Conjunção aditiva

Gosto do campo — e vivo numa metrópole; detesto estilo e vigio as minhas frases; sou um céptico incorrigível — e leio principalmente os místicos ... e podia continuar assim indefinidamente. Emil Cioran, Cadernos 1957-1972 Nota: O melhor deste aforismo é a conjunção usada para ligar as duas orações. Seria de esperar uma conjunção adversativa, mas Cioran escolhe uma conjunção aditiva — como Godard (não me lembro do link).

Revolução

— A frase que Alberte diz em  Le Diable probablement : "Não haverá revolução. É demasiado tarde." ( Il n'y aura pas de révolution. C'est trop tard .) pode ser substituída por: "Não houve revolução. É demasiado cedo." ( Il n'y a pas eu de révolution. C'est trop tôt .) Basta rodar um bocadinho o eixo do tempo. — Não num filme de Bresson. — Não. Apenas fora do cinema.
1. ”Andar com alguém" devia ser isso mesmo: andar lado a lado como nos filmes de Naruse. 2 . O dicionário diz que, neste caso, o verbo é transitivo e intransitivo. — Aprecio a contradição. Se continuarmos a ler, verificamos ainda que não se trata de um verbo copulativo. — Humor involuntário, também gosto. 3. Acho que nunca estudei os verbos copulativos. A gramática é uma coisa cada vez mais abstracta, complexa, inatingível. Imagino que o pessoal que trata do assunto trabalha num sítio parecido com a agência ultra-secreta dos Homens de Preto.

Gramática gerativa

Na sua forma plural, "impossível" transforma-se em "máximos esforços". O acto gramatical engendra uma hipótese curiosa: talvez a solução para os nossos problemas seja um sinal de multiplicação. Caminho aberto para um novo tipo de pensadores conflituosos.  En garde !