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A mostrar mensagens com a etiqueta Bonfim

Observações avulsas sobre o bonfim #69

No outdoor do PSD no Campo 24 de Agosto, lê-se em palavras destacadas: pessoas [no] bom caminho . Parece o paleio das igrejas que vendem a salvação a prestações.  Prefiro o revés, prefiro a sabedoria louca da mulher do camião: Que-le-monde-aille-à-sa-perte-c’est-la-seule-politique...

Campo 24 de Agosto

( Minoria )  Quinze ou vinte pessoas, quase só homens, a preparar a manifestação junto ao edifício da junta de freguesia do Bonfim.* Dois cartazes com frases estúpidas.  Seis polícias espalhados aos pares a conversar descontraidamente.   ( Maioria )  Na frutaria, uma fila enorme e pacífica de portugueses e imigrantes.  Imensas tangerinas doces. * Segundo o JN, a manifestação reuniu cerca de 30 pessoas .

Observações avulsas sobre o bonfim #67

Ao chegar ao Batalha por volta das cinco e meia, passaram por mim três homens a falar alto. Um deles disse: então andavam para aí com martelos e ferros e nós havíamos de nos ficar? Foi muito bem feito. Que vão para a terra deles. Parei e fiquei a olhar. Eles saíram de campo e então vi, em frente à Igreja de Santo Ildefonso, os polícias do Corpo de Intervenção destacados para o cortejo da Queima das Fitas.

Observações avulsas sobre o bonfim #66

A mulher que costuma vender 5 pares de meias por 5 euros junto à paragem de autocarros do Campo de Agosto aos sábados de manhã percebe muito de comércio. Hoje, por causa da morrinha, vende guarda-chuvas. Apregoa «guarda-chuvas para a chu-va» partindo ao meio a palavra chuva e carregando no som grave. Está vestida de preto, mas por cima da roupa tem um avental cor-de-rosa com rendinhas. O avental cumpre dois papéis: confere-lhe imediatamente visibilidade e estatuto de vendedora e é uma caixa registadora portátil — serve para guardar o dinheiro no bolso (grande e ao centro) com fecho-éclair.

Observações avulsas sobre o bonfim #64

Mais, le lendemain matin.

Observações avulsas sobre o bonfim #63

 

Observações avulsas sobre o bonfim #56

Ontem reabriu o Café Saudade. Na segunda-feira foi a frutaria que fica em frente e nem sequer tem nome na montra. Juntamente com a paragem C24A1 dos STCP, formam uma espécie de trindade identificária da zona (um enclave na marca Porto. ) Não é fácil definir as características deste lugar mas talvez se possa dizer, sem grandes preocupações, que é cosmopolita, não tanto pelos turistas, mas pelos imigrantes, pela diversidade de faixas etárias (muitos velhos e crianças), géneros sexuais e mentais, etc.; de certa forma corresponde a uma primeira página do Correio da Manhã ao vivo (na frutaria parece que andam todos — empregados e clientes — com uma navalha no bolso); e demonstra que o povo nunca deixou de existir, apenas já não pensa nas expectativas. Um outro tipo de Bartleby.

Observações avulsas sobre o bonfim #51

Nas freguesias mais orientais há cada vez mais imigrantes. Cruzo-me com eles no metro e autocarros, supermercados e ruas. Não têm muito dinheiro — nota-se —; são novos e bonitos. É o Porto cosmopolita que não vem nas revistas e o resto da cidade desconhece. Talvez tragam com eles a mudança necessária.

Observações avulsas sobre o bonfim #50

 

Observações avulsas sobre o bonfim #45

Ao passar pelo Minipreço de Barros Lima (uma das lojas mais nevrálgicas da zona), ocorreu-me que os poetas já não vivem por cima do Minipreço . A frase podia ser o título de uma tese bastante estrábica sobre os caminhos (mansos?) da poesia contemporânea, ou sobre a estratificação social das cidades, ou sobre o comércio em geral.

Observações avulsas sobre o bonfim #31

 

Observações avulsas sobre o bonfim #30

 

Observações avulsas sobre o bonfim #29

 Amor, mágoa e uma faca.

Observações avulsas sobre o bonfim #27

Papoilas junto às escadas que vão dar às Eirinhas (lá no alto). Uma tomada de electricidade na parede exterior da Casa das Artes do Bonfim.  Dois cartazes da exposição da obra gráfica de Francis Bacon nas paragens do autocarro. Os miúdos da Soares dos Reis. Homens de fato protector com capuz a retirar placas de amianto nas traseiras (antes da construção da ESAP). 

Observações avulsas sobre o bonfim #26 (anexo)

O senhor Pedro atende à porta sobre duas caixas de plástico transparente empilhadas. Um cesto para o pão, pilhas, detergente, o que calhar. Desejam-lhe boa Páscoa, ele responde “igualmente” e despede-se com “tudo de bom”. Apesar do sotaque, o senhor Pedro já domina a linguagem local. Nota-se que não é completamente português porque agradece e sorri muito.