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(...) Ora, para concluir e regressando às paragens de metrobus , Rui Moreira preferiria umas “coisas levezinhas, envidraçadas”, quase invisíveis, para não perturbar as vistas idílicas da burguesia local. Ora, talvez me aventurasse a dizer que, para Álvaro Siza, que conserva ainda um sentido profundo e social daquilo que é fazer uma cidade — ao contrário do autarca portuense —, as paragens desenhadas em betão correspondem precisamente ao gesto arquitectónico de procurar marcar e tornar visível no espaço urbano aquilo a que a classe a que Rui Moreira pertence tende a não aceitar: o facto de a cidade não ser apenas a sua propriedade exclusiva, mas de todos. Nada há de mais social e definidor do território urbano do que esses pequenos equipamentos públicos tantas vezes desqualificados (inclusive pela própria CMP). São estes, na verdade, os grandes monumentos da vida quotidiana das cidades e dos seus moradores; e não certamente as vivendas privadas endinheiradas e kitsch da Avenida do Ma...

Agora é a hora da revolta

«Podemos amar uma cidade, podemos reconhecer as suas casas e ruas nas nossas mais remotas ou mais caras memórias; mas só na hora da revolta sentimos verdadeiramente a cidade como "nossa": nossa, por ser do eu e ao mesmo tempo dos "outros"; nossa, por ser campo de uma batalha que se escolheu e que a colectividade escolheu; nossa, por ser espaço circunscrito no qual o tempo histórico está suspenso e no qual cada acto vale por si só, nas suas consequências absolutamente imediatas. Apropriamo-nos de uma cidade fugindo ou avançando na alternância das investidas, muito mais do que brincando, quando crianças, nas suas ruas, ou passeando por elas mais tarde com uma rapariga. Na hora da revolta já não estamos sozinhos na cidade.»  Furio Jesi, «Spartakus - Simbologia da Revolta». Tradução de João Coles.  VS. Editor

Decifrar

Atribuir a cada edifício da cidade uma letra do alfabeto: «a» para casas térreas; «b» para casas térreas com logradouro; «c» para casas térreas com telhado de uma água; «d» para casas térreas com telhado de duas águas; «e» para prédios de dois andares; e assim sucessivamente. Decifrar os textos secretos do grande arquitecto.