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Au bistrot

Esta noite sonhei com Cioran; foi a primeira vez que aconteceu. Procurava lugar na esplanada de um café ou restaurante ( bistrot ). A esplanada estava vazia, assim como as ruas. Só Cioran, ou Cioran só — talvez seja melhor assim. A esplanada tinha a forma de um triângulo escaleno, escolheu uma mesa no ângulo mais apertado, mas continuava de pé — à espera de quê? Ia falar com ele quando acordei. Poupei-me à banalidade de uma conversa espectacular dentro do sonho mas que se revela parva mal acordamos.

Barulho

Manhã de domingo. Sol, um pouco de vento e colunas de som aos gritos na esplanada. Tudo à nossa volta desaba sob o barulho. O barulho remexe em tudo. Este horror ao silêncio é uma coisa difícil de suportar. Não há café, esplanada, restaurante, tasca, sala de espera, estação de metro, lugar público, onde não sejamos esfolados por «música» ou relatos televisivos de jogos de futebol. Que maneira tão triste de evitar a solidão e tornar a morte mais fácil.

Esplanada

O sopro suave do vento agita as páginas do cadernito, pousado sobre a mesa da esplanada. As folhas em branco ondulam, uma e outra vez, como um convite, uma pergunta sussurrada. Em vão. Não tenho nada para dizer, nem um só pensamento que mereça ser escrito.