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A vida é uma festa, vamos vivê-la!

Fellini Oito e Meio , de novo. Aquela nave espacial desconchavada a apontar para o céu, espécie de arca de noé para «salvar a humanidade da bomba atómica». O mago com a varinha mágica, que muda o rumo dos acontecimentos, segundo os caprichos do sonho e da imaginação. O realizador que não consegue filmar, não porque lhe faltem ideias, mas porque resiste a fazer um filme ditado por outros. O cidadão que recusa a corda que lhe atam ao pé e que o impede de andar entre as nuvens.  «A vida é uma festa» e o cineasta quer vivê-la com todos e em liberdade.  Desta vez, não consegui ver o filme sem pensar na vida depois de 10 de Março.

Insubmissão

Estou há mais de um ano fechado em casa, em teletrabalho. Tenho pensado muito em Robert Walser. Talvez a insistência dele em caminhar, sempre que possível, quilómetros a fio, debaixo de sol ou chuva, contra o vento ou sobre a neve, fosse o seu grande acto de rebeldia. Quer dizer, a expressão da sua dignidade, liberdade, insubmissão. Mais até do que a escrita, que é outra maneira de caminhar, mas sentado. No meu caso, nem isso. O trabalho consome o melhor do meu tempo. O tempo que qualquer ser humano deveria usar para caminhar com os pés e a imaginação.

Liquidação

E ainda a propósito do sentido das palavras : Somos feitos de palavras. São o nosso limite e ilimite. Ético. Estético. Político. Com elas nos exprimimos, atrás delas nos escondemos. São mentira reveladora, verdade tímida, meia verdade. Carregam a nossa impotência e embriagam-nos com o seu poder. Apesar da omnipresença das imagens, as palavras passaram a ser o suporte mais forte da pós-verdade. A par das fake news , que inundam a cena política, o recurso ao fake knowledge , amiúde assente no name dropping , tem vindo a vulgarizar-se a ponto de haver quem defenda, com falsa candura, que tudo é o que é e o seu contrário. Só assim se explica que proibir pretensamente signifique permitir que alguém se coíba... (...) Repare-se, por exemplo, na utilização pelos programadores dos Teatros Municipais do termo “ocupar” (1000 razões de ocupar o teatro) que, remetendo para factos ocorridos num passado assaz recente – a saber: a luta contra a privatização da gestão do Rivoli –, aposta no seu t