O Puto Talidomida mete no bolso qualquer personagem excêntrica de David Lynch. Na verdade ele nem é bem uma personagem, melhor seria chamar-lhe entidade, como Alicia diz já não sei em que página. Convém também não esquecer que se trata de uma criação da criação, quer dizer, Cormac McCarthy inventou Alice ( Alice and Bob , isso) que saca este rapaz defeituoso das profundezas do seu inconsciente puramente biológico . O Puto domina em três campos: apresentação, discurso e artes cénicas. Num certo sentido podemos, talvez, considerá-lo um primo americano das personagens de Lewis Carroll — todas em simultâneo, encavalitadas e turbinadas. 1. Quanto à apresentação, basta citar algumas das descrições que a imagem cresce por si, bizarra e poderosa: « O nome completo é Puto Talidomida. Não tem mãos. Só um par de barbatanas.» (...) « Podemos falar do Puto? Claro. Que se foda. Toquei num ponto sensível. Na verdade, não. Apeteceu-me ser ordinária, só isso...