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A velha tradição dos ladrões de malas

A história do deputado da extrema-direita que roubava malas lembrou-me um episódio contado por Cioran nos Cadernos : «Gertrud Kantorowicz, ao viajar com todos os inéditos de Simmel, perdeu-os a todos, pois a sua mala foi roubada enquanto ela estava no vagão-restaurante.»  (Tradução de Cristina Fernandes.) Na longa tradição dos ladrões de malas, imagine-se um nazi dos anos 20 ou 30 a abrir, ansioso e malandro, uma mala que acabara de roubar, e a descobrir, desiludido, um monte de gatafunhos sobre sociologia.

Arranhar a ferida

Fernando Savater:  Qual foi a sua formação filosófica, quais são os filósofos que mais o interessaram? Emil Cioran:  Bem, na minha juventude li muito Lev Chestov, que era então muito conhecido na Roménia. Mas quem me interessou mais, quem mais amei — é essa a palavra —, foi Georg Simmel. Sei que Simmel é bastante conhecido em Espanha, graças ao interesse que Ortega lhe dedicou, enquanto é completamente ignorado em França. Simmel era um escritor maravilhoso, um filósofo ensaísta magnífico. Era amigo íntimo de Lukács e Bloch, que influenciou e que mais tarde o renegaram, o que acho absolutamente desonesto. Hoje, Simmel foi completamente esquecido na Alemanha e até silenciado mas, no seu tempo, era admirado por figuras como Thomas Mann e Rilke. Simmel também era um pensador fragmentário. O melhor do seu trabalho são os fragmentos. Também fui muito influenciado por pensadores alemães daquilo que se chama a "filosofia da vida" como Dilthey etc. Claro, também li muito Kie...