Manhã de sábado, esplanada da Leitaria. Um guia turístico, vindo dos Leões, aproxima-se, erguendo no ar um guarda-chuva fechado, como um pára-raios a apontar para o céu. Atrás dele, uma palmípede fila de 15 ou 20 turistas. O guia pára junto à esplanada, espera pacientemente que os turistas formem à sua frente um semicírculo perfeito e começa a apresentar a Leitaria: «Fundada em 1920», «há várias gerações que os portuenses amam e frequentam a Leitaria», «a especialidade são os éclairs», «todos os dias produzem mais de 35.000 bolos», «o sucesso levou a casa a expandir-se para outros locais, incluindo o Corte Inglês, em Gaia»… Os turistas tiram fotos à fachada de plástico, às mesas compradas no IKEA, ao preçário com imagens dos bolos, às pessoas que estão sentadas na esplanada. Olho à minha volta. Devo ser o único portuense naquelas fotografias.