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O Porto em Agosto

Em Agosto, o vento acha-se mais à vontade. Está livre de obrigações: não há chuva, nuvens, nada. Entra pelas casas como se tudo isto fosse de papelão. Voam cortinas e fotografias, as portas batem com estrondo, sombras uivam debaixo da escada. Talvez Kafka tenha sonhado com o Porto em Agosto quando lhe apareceu o primeiro Odradek.

O mar

Há uns anos, não era Abril, mas Agosto. Era o mais cruel dos meses. A cidade parecia uma longa e interminável tarde de domingo. As ruas desertas, os cafés fechados. Tudo fechado, excepto as farmácias e os supermercados. Não havia esplanadas. Não havia cinema, muito menos teatro. Os dias arrastavam-se sob o calor. Nas praias, a nortada varria toalhas, guarda-sóis, sacos de plástico — isso não mudou. Agora, a cidade está a rebentar de turistas. Ao fim da tarde, depois do trabalho, descemos até à Baixa no meio da corrente. Na esplanada do Candelabro, observamos distraídos o movimento das vagas. Maré alta e maré baixa, maré alta e maré baixa. Enquanto as gaivotas lançam os seus anzóis de cima dos telhados.