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Juste une image

A meio da tarde, o noticiário da CMTV exibia de um lado o desfile da claque do Benfica e do outro a manifestação da extrema-direita no Porto — ambas acompanhadas por polícias fortemente armados. O ecrã estava dividido em dois, mas não eram duas imagens. No rodapé lia-se: «Perigo total: fruta atirada à PSP». (...) quando criamos a tragédia no fundo acaba por ser só uma comédia e vice-versa.

25 de abril

A CMTV desapareceu da grelha de canais cá em casa. Deve ser uma comemoração espontânea do 25 de abril. —— Voltei atrás para confirmar, Jerónimo de Sousa disse mesmo “salamizar” quando comentou o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa. Não encontrei a palavra no dicionário, mas apenas por distração dos lexicógrafos pois “salamizar” e “salamização” já têm um percurso histórico e materialista . —— Jerónimo de Sousa ofereceu-nos ainda uma definição do 25 de abril formidável: (não deixaremos de comemorar, celebrar, aquele que foi)  o acto mais moderno e avançado da nossa época contemporânea . —— A fotografia de José Sena Goulão . A bandeira é enorme e pesada, mas o olhar foge-me para o saco de plástico branco na mão esquerda.

A CMTV dá primeiro

Oito da manhã. Vou à confeitaria ao lado de minha casa comprar dois pães e espreito a televisão. Há um directo. O título grita em letras vermelhas: “A CMTV dá primeiro.” As imagens mostram vários bombeiros em volta de um carro desfeito. Tentam desencarcerar a vítima de um acidente de viação que ocorreu há minutos numa via rápida de Lisboa. O plano é próximo e os clientes da confeitaria podem acompanhar os “trabalhos” sem perder nenhum pormenor. E enquanto os bombeiros tentam arrancar, a ferros, uma pessoa do fundo de um carro, o empregado rodopia por entre as mesas, guardanapos e pacotinhos de açúcar voam do balcão, alguém mastiga calmamente o croissant com manteiga (hoje um pouco mais queimado do que o costume) e eu confiro os meus quatro cêntimos de troco.