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Punhos cerrados II

Em Folhas Caídas , Kaurismäki mostra muito bem como é que são as relações de trabalho nesta grande época . E não é só nos supermercados e nas obras; aquela violência e sacanice também se passa nos escritórios modernos (redacções, ateliers, gabinetes, agências, etc., etc.), em frente aos computadores.
O último plano de Folhas Caídas liga directamente aos Tempos Modernos de Chaplin, isso é evidente. Mas também me lembrei de uma coisa que Jean-Marie Straub disse a respeito do bloco sobre o regresso do prisioneiro de Comunistas : que tinha vontade de filmar um par de namorados sem lhes mostrar os rostos.  E ali estão: ele de pé ela sentada, de costas, na varanda, virados para a rua.
Não tenho tempo para mais por isso, enquanto corto as cenouras e penduro a roupa, divirto-me a arranjar etiquetas para o filme de Kaurismäki: musical ( inclui participação do rei do karaoke ), filme irmão de Chaplin e do cinema mudo, manobras cinematográficas de intervenção política, estudos de azul e vermelho, homenagem prolongada a Ozu e Bresson, relatos de guerra, filme de coisas velhas que resistem um pouco, diálogos afiados, resgate de um rafeiro, filme de quem diz não sem baixar a cabeça, filme da tristeza desenganada,

Ah, ah, ah!

Aki Kaurismäki, numa entrevista ao jornal , comenta assim o «sucesso» que o notável  Folhas Caídas tem tido um pouco por todo o lado: «Acho que as pessoas gostam, especialmente os críticos, porque é um filme curto, dura 81 minutos...»