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A alegria de destruir

Haverá um dia, talvez, em que o historiador consentirá em lançar um olhar à História focado nas suas mais baixas formas de tédio. É o tédio que é a fonte das alterações súbitas, das guerras sem motivos, das revoluções mortíferas; não existe causa mais operante do que ele. Surge uma necessidade de sentir existir , de romper com a monotonia do ser, do puro imaginável; o assassínio, a vingança e a alegria de destruir por destruir circulam livremente num povo que, ainda há pouco tempo, parecia tranquilo e sábio, a suprema flor de uma civilização consomada. Os historiadores dirão depois que causas políticas, económicas e sociais explicam essa erupção; evidentemente, mas não atentaram no facto elementar de que esse povo se entediava.  Benjamin Fondane, A Segunda-Feira Existencial e o Domingo da História . Tradução: Diogo Paiva.
Mais uma peça para a lista de Lefebvre : Tararira , o filme mais absurdo do mundo, rodado por Benjamin Fondane nos anos trinta na Argentina e perdido sabe-se lá onde.

Benjamin Fondane

6, rue Rollin O rosto mais sulcado, mais escavado que se possa imaginar, um rosto com rugas milenares, mas de modo algum petrificadas, pois eram animadas pelo tormento mais contagioso e mais explosivo. Não me cansava de as contemplar. Nunca antes tinha visto uma tal concordância entre parecer e dizer, entre fisionomia e palavra. É-me impossível pensar na mais pequena das afirmações de Fondane sem imediatamente me dar conta da presença imperiosa dos seus traços.  Visitava-o muitas vezes (conheci-o durante a Ocupação), sempre com a ideia de não ficar mais de uma hora e acabava por passar a tarde inteira em sua casa, por minha culpa claro, mas também por culpa dele: ele adorava falar, e eu não tinha coragem e muito menos vontade de interromper um monólogo que me deixava exausto e arrebatado. No entanto, na primeira visita que lhe fiz com intenção de o interrogar sobre Chestov, eu é que fui descomedido. Pois, sem dúvida por necessidade de me exibir, não lhe fiz pergunta nenhuma, pref...