Haverá um dia, talvez, em que o historiador consentirá em lançar um olhar à História focado nas suas mais baixas formas de tédio. É o tédio que é a fonte das alterações súbitas, das guerras sem motivos, das revoluções mortíferas; não existe causa mais operante do que ele. Surge uma necessidade de sentir existir , de romper com a monotonia do ser, do puro imaginável; o assassínio, a vingança e a alegria de destruir por destruir circulam livremente num povo que, ainda há pouco tempo, parecia tranquilo e sábio, a suprema flor de uma civilização consomada. Os historiadores dirão depois que causas políticas, económicas e sociais explicam essa erupção; evidentemente, mas não atentaram no facto elementar de que esse povo se entediava. Benjamin Fondane, A Segunda-Feira Existencial e o Domingo da História . Tradução: Diogo Paiva.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral