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Deixem-nos lá

Os do Orfeu são apenas simuladores. É evidente que quem quizer ser estravagante tem de se assemelhar aos loucos. O terreno comum onde se encontram é o disparate. Em França, com os romanticos, sucedeu um pouco o mesmo. Para escandalizarem a susceptibilidade burgueza, passaram a andar vestidos de côres berrantes, de maneira diferente de todos. Baudelaire um dia (...) teve a excentricidade de pintar os cabelos de verde. Os amigos, que já estavam prevenidos, não fizeram caso. Baudelaire, que queria causar impressão, ficou fulo por não lhe ligarem importancia. E tratou logo de rapar o cabelo á escovinha (...). É evidente que estas creaturas não são absolutamente equilibradas. Mas também não é justo chamar-lhes doidos. Deixem-nos lá. Júlio de Matos, jornal A Lucta , 11 de Abril de 1915. Citado por Jerónimo Pizarro em Fernando Pessoa: entre génio e loucura , p. 209.