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Mexer na terra

Leio no jornal que em Santiago do Cacém há um empreendimento para «nómadas digitais» onde os clientes podem «ser tecnológicos, mexer na terra e viver em comunhão com a natureza». Haverá alegoria mais grotesca do que andamos a fazer à terra? Um produto para clientes «tecnológicos» mexerem, esburacarem, violentarem.

Saudade do mar

Na terra dos meus pais, é a época das tangerinas e dos limões. As laranjas ainda estão verdes. No limoeiro, encontrei três limões monstruosos, cheios de tentáculos. Pareciam cefalópodes, moluscos marinhos, a debaterem-se com os galhos espinhosos da árvore. A terra com saudade do mar.

Terra

Três dias na casa onde nasceu e cresceu o meu pai. Uma velha casa de camponeses pobres, enterrada no termo de um caminho estreito. Nas cortes onde estavam os animais é agora a cozinha. E onde era a cozinha são hoje os quartos. De resto, tudo continua igual. O meu pai parece nunca ter saído daqui. Sessenta anos fora: poeira e vento que passou a correr. A «aldeia», a «terra». Como um sinal na pele que se não consegue tirar. Por mais que olhe para este mundo antigo, nunca terei olhos para o ver.