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El escritor catalán Félix de Azúa retratado en 1970

— Esquálido e com ar de refugiado.  Fui procurar o jovem Félix de Azúa dos anos setenta e encontrei duas fotografias num banco de imagens ( esta e esta , mas sem perceber a que se destinavam). Não tem a gabardine acolchoada verde-garrafa (quem será o Víctor a quem ele a deu? Será Víctor Gómez Pin?) nem as botas forradas a pelo.  Descalço, de calções esfarrapados e t-shirt de feira (por enquanto vou ignorar o cinto e o relógio), parece que está dentro de um filme de Pasolini: adorável.

Um refugiado em casa

Nada do que li de Cioran me esclareceu tanto sobre a complexa e delicada trama do seu espírito como aquela visita, há mais de 20 anos, na companhia de Fernando Savater. Fomos vê-lo às suas águas-furtadas no Bairro Latino — uma chambre de bonne de um ascetismo semelhante ao de Dreyer, pintada de branco até ao chão e com uma salamandra de ferro no meio, certa tarde de fevereiro ou março, já não me lembro, com um frio de rachar. A salamandra, que parecia uma divindade primitiva e malévola naquele refúgio evidentemente santo, estava apagada. Nessa altura, Savater andava a traduzir Cioran para aquela editora Taurus dirigida por alguém que ainda não tinha conseguido enobrecer o sangue, e ninguém conhecia o romeno. Recordo que naqueles anos não muito distantes de 70 houve uma greve de lixeiros em Paris e a cidade estava coberta de lixo. As ratazanas roçavam as pernas dos transeuntes e um fumo excrementício emanava das montanhas de matéria decomposta. Todos os dias, enquanto durou a greve, Be