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A mostrar mensagens com a etiqueta Miguel Esteves Cardoso

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No n.º 35 da «Imagem - revista de divulgação cinematográfica», datado de Novembro de 1960, Eurico da Costa e Manuel Villaverde Cabral, no «quadro da crítica», despacham «Intriga Internacional», de Alfred «Hitchkock» (sic) com duas rotundas bolas pretas, quer dizer, com a classificação de “sem interesse”. Alberto Seixas Santos, mais generoso, dá ao filme duas estrelas em quatro possíveis, que correspondem à classificação de “Bom”. Mais à frente, no artigo de crítica ao filme, Seixas Santos afirma: «Não sou dos que tomam o nosso autor por um génio da metafísica, mas não quero também cair no pecado contrário e julgá-lo um imbecil.» O n.º 273 do «Jornal de Letras & Artes», de Janeiro de 1970, abre com um anúncio de página inteira do Banco Pinto & Sotto Mayor intitulado «Esclarecimento sobre o Cartão Sottomayor», onde se explica o funcionamento do cartão de crédito bancário, «processo novo em Portugal, mas utilizado já em larga escala num grande número de países.» «Consist...

Escrever bem

Não li a entrevista de Miguel Esteves Cardoso, mas também não pretendo analisá-la, apenas perder algum tempo com o título porque é bastante interessante. Durante a conversa, Miguel Esteves Cardoso afirmou “sou extremamente inteligente, tenho um grande sentido de humor e escrevo muito bem” e a jornalista destacou a frase para as letras gordas. É um enunciado muito categórico — parece uma seta lançada com intensidade para as alturas desconhecidas, cada um dos atributos impulsionando o seguinte. Mas na verdade, extrema ironia, a flecha cai ao chão logo a seguir ao sentido de humor; “escrever muito bem” é um desgosto na vida de Miguel Esteves Cardoso. Para quem sabe o que a literatura é (e Miguel Esteves Cardoso sabe tremendamente) “escrever bem” é uma merda. Ser austero nos adjectivos e advérbios é uma regra boa para redigir relatórios.