Em Feliz Aniversário , de Harold Pinter, há um tipo que faz anos e cuja festa de aniversário se transforma numa espécie de paráfrase do Processo , de Kafka. Stanley, assim se chama o aniversariante, acaba preso por dois personagens (Goldberg e McCann) após um estranho interrogatório, que lembra a investigação policial a Josef K. Não é claro o «crime» de que é acusado. Também não é evidente que tipo de «autoridade» o acusa. No limite, Stanley é culpado de existir e, portanto, de fazer anos. O seu aniversário é o crime supremo. STANLEY - Lamento muito, mas esta noite não estou com disposição para festas. MCCANN - Não? Que maçada!... STANLEY - Vou sair e festejar a data tranquilamente. MCCANN - Não faça isso… (Pausa) . STANLEY - Se não se importasse de me deixar passar... MCCANN - Mas já está tudo pronto. Os convidados estão a chegar. STANLEY - Convidados? Quais convidados? MCCANN - Eu, por exemplo. Tive a honra de receber um convite. (MCCANN começa a assobiar «The Mountains Morn
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral