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Aki Kaurismäki e os cães

1. Chateado porque não aparece no diagrama do cinema transcendental de Paul Schrader (em contrapartida Andy Warhol está no eixo horizontal à direita e à esquerda).  2. Prepara-se para abandonar o livro e ler aquela revista (?) sobre a Bica Portuguesa.  Os cães, vê-se pelo olhar, são verdadeiros modelos bressonianos. Ela chama-se Alma (diz na plaquinha).

Traições e vinganças literárias

Fiquei tão chateada com o Claudio Magris que arrumei o Danúbio por uns tempos (e logo agora que tenho um exemplar mesmo meu para sublinhar, anotar, estragar) e decidi em conformidade: em vez de me apaixonar pelo Magris, vou apaixonar-me pelo cão dele (parece que se chama Jackson) — é mais fácil chegar a consenso sobre ossos.  Nota: o Rui e a Tamina (foram eles que me ofereceram o livro) sabem do assunto e aconselharam-me a desenhar insultos obscenos na páginas em que Magris diz mal de Cioran. Vamos nisso!
Vi umas fotografias de Aki Kaurismäki na inauguração do ciclo da Cinemateca, mas fiquei desapontada — contava vê-lo com o cão.

A tua mais completa tradução

Ao mesmo tempo que tento arranjar as palavras mais convenientes para traduzir as confissões e pensamentos irrequietos dos Cadernos , alguma coisa acontece — não é bem uma influência, é mais da ordem do parentesco, creio.  Dou por mim a querer oferecer coisas a Cioran; até um cão já me passou pela cabeça.  Dou por mim a vê-lo como um mestre de artes performativas  ( que, ao ser proferido, corresponde à acção a que se refere ). Começa por fazer de filósofo, de escritor, de místico, de estrangeiro, etc., mas o grande golpe é quando interpreta o ser humano — aí, Cioran supera-se.  As lágrimas, de novo. Uma palavra irradiante.

O rapaz e o cão

Andava à procura de uma fotografia de Le Chien  com fundo brando, mas encontrei esta , tirada no Musée de l’Orangerie em 1969. Apesar de só poder ser usada em maquetes (o que é um blogue senão uma maquete?), apesar do selo de propriedade sobre as patas do cão, tenho de a publicar nem que seja por três minutos: não é sempre que encontramos alguém que compreende uma obra de arte. (Em silêncio.)

Ladrar aos pombos

O cão preso na varanda passa o dia a ladrar aos pombos e às gaivotas. Talvez o cão não se resigne com a ideia de que aquelas criaturas nasceram com asas e que consigam voar acima das varandas, acima dos telhados, para lá do horizonte. A ciência explica, mas sou como o cão.

The weather in Wrocław is almost summery

From my window, I can see a white mulberry, a tree I’m fascinated by—one of the reasons I decided to live where I live. The mulberry is a generous plant—all spring and all summer it offers dozens of avian families its sweet and healthful fruits. Right now, the mulberry hasn’t got back its leaves, and so I see a stretch of quiet street, rarely traversed by people on their way to the park. The weather in Wrocław is almost summery: a blinding sun, blue sky, clean air. Today, as I was walking my dog, I saw two magpies chasing an owl from their nest. At a remove of just a couple of feet, the owl and I gazed into each other’s eyes. Animals, too, seem to be waiting expectantly, wondering what’s going to happen next. (...) By Olga Tokarczuk, The New Yorker, April 8, 2020

Comment c'est

Tantas recomendações de leitura, mas só me apetece ler a realidade. Como se fosse um filme de Godard, o velho. Cortar, colar. E um cão.