A arte contemporânea é uma zona sacrificial que absorve todas as correntes envenenadas que aparecem incessantemente e pelas quais toda a gente seria infectada. Pensa-se que é um campo alternativo, mas na realidade é um dos anexos sanitários da cultura de massas, como, por exemplo, uma fábrica com anexos técnicos que asseguram a evacuação das águas contaminadas (...) Parece-me que a a arte contemporânea desempenha exactamente esse papel: as ideias e as imagens potencialmente perigosas são para aí canalizadas, e tudo funciona perfeitamente. É um mecanismo de evacuação, e os artistas ficam com a ilusão de ser uma alternativa, de se opor à cultura de massas, quando na realidade eles são uma função dela, os seus cuidadores. Pavel Pepperstein, citado por Jovan Mrvaljevic, na revista Electra n.º 14. Tradução de António Guerreiro.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral