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Poetas da própria existência

(...) 8-11-82 (Para substituir o exemplar de há mais de 30 anos — talvez 1.ª ed. — de que agora dei pela falta.) Dedicatória na primeira página de Três poetas da própria existência , de Stefan Zweig, livro que encontrei, entre bibelôs de porcelana, sapatos de senhora e calças de ganga usadas, na Feira da Vandoma. A dedicatória, dirigida a si mesmo pelo antigo proprietário, está escrita numa letra delicada e perfeitamente legível. A única coisa que não consigo perceber é o nome. Tenho muitos livros comprados em feiras de usados e alfarrabistas, com toda a espécie de dedicatórias, frases sublinhadas e notas, escritas por leitores que nunca conheci e de quem nada sei. Leitores que, na sua maioria, já não fazem parte deste mundo, mas cujas marcas persistem nas minhas leituras e, por isso, na minha vida. Dir-se-ia uma outra literatura que avança em paralelo com a das páginas impressas. Em que lugares, em que circunstâncias, a que horas do dia e da noite todos estes leitores mergulha...