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Espantosa época

PRIMEIRO BISPO: Que época. Que bela carnificina cometesteis, filhos meus. (Senta-se num trono) SEGUNDO BISPO: Espantosa época, amados irmãos. Vemos o bacalhau da Terra Nova a lançar-se ele próprio na direcção do anzol. (Senta-se no seu trono) TERCEIRO BISPO: Digo que é uma época espantosa. Ou então assombrosa, como vós quiserdes. (Senta-se no seu trono) Aimé Césaire, E os cães deixaram de ladrar . Tradução de Armando da Silva Carvalho.

Desportos e divertimentos cinematográficos

Os filmes de Jacques Tati são documentos antropológicos que mostram o aspecto ridículo e risível da nossa Grande Época . Passado um tempo nem é preciso estar a vê-los para rirmos; é fácil — oh, tão fácil — encontrar à nossa volta réplicas desses gags . Geralmente é na rua que se apanham: prédios sofisticados ao lado de baldios, moradias modernaças, sons cómicos que se repetem, pequenas frases alfinetadas — às vezes até basta um cão rafeiro a correr ou um miúdo que suja a cara com açúcar ao comer um bolo.  Quando estava a subir as escadas, com as minhas sapatilhas cambadas, para o Pap’açorda, percebi que não se tratava de um jantar de cerimónia, mas da hipótese (talvez única na minha vida) de entrar, nem que fosse só de raspão, na cena do restaurante de Playtime . A porta tinha vidro e nenhuns sinais de obras por terminar, mas o chefe de sala com o seu ar de segurança elegante, vestido de escuro, era um bom indício. Lá dentro o ambiente coincidia; não sei definir muito bem, qualquer coi

Algumas coisas rápidas sobre «Nesta Grande Época»

Karl Kraus usa as citações como as personagens shakespereanas dos westerns de John Ford. Não são um ornamento que se traz à lapela, mas uma força universal e histórica que irrompe das entranhas.  ¶ António Sousa Ribeiro consegue segurar todo o ritmo que existe no original alemão e oferece-nos um texto em português que sobe e desce como uma montanha russa e faz-nos rir e também nos envergonha porque tanto daquilo passa-se ainda hoje e tão perto, raisparta!  ¶ Por sorte,  Os Últimos Dias da Humanidade também está disponível na Biblioteca Almeida Garrett. Junto com os Aforismos  (que está em casa) formam uma rica trindade. — A vida corre mal; a vida corre-me bem!  ¶ Tudo o que Kraus escreve é tão tronante (a coisa mais viva da cidade) que fico sempre com receio (ou será vontade?) que os seguranças me ponham fora da carruagem por causar distúrbios ao bom funcionamento do Metro. ¶ Se falasse português, Karl Kraus escrevia um artigo n’ O Archote a desancar na Tânia Laranjo.  ¶ Apetece-